segunda-feira, 30 de abril de 2007

ESSE FILME MERECE POST


Sabadão. Fim de semana. Véspera de feriado. Brasileiro é assim mesmo. O feriado é só na terça, mas o sábado já pertence à data. Depois de saborear ao macarrão com molho de queijo da mamãe e de comer o cadáver de frango cozido (sim, nós comemos cadáver, ou alguém aí come carne de frango ou boi vivo?), eu fui à locadora da vila.

Havia reservado espaço para Pedro Amadóvar*** e Jonathan Dayton e Valerie Faris *** no meu animadíssimo feriado, que, aliás, é contínuo. Ocorre desde o mês passado, quando eu fui promovida à cliente da Fnac. Desde então, eu só tenho tirado os dias para gravar matérias para a facul e entrevistar e conhecer pessoas. Isso é muito bom. O meu caderno de fontes já aumentou o número de páginas preenchidas consideravelmente. Mas, eu estou cansada dessa vida de “todo dia é domingo, todo dia é feriado”. Enfim, vamos ao que interessa.

Há uma única locadora aqui na minha província, o Bairro Dos Casas. Todas as outras que tentaram a sorte faliram. Por isso, os donos dessa sobrevivente pensam que são uma espécie de Blockbuster. Eles até tentam. Mas, vamos às particularidades: A Blockbuster não aluga filmes pornográficos (olha quanta integridade!). No entanto, a estratégia de mercado é acabar com todas as locadoras da região, desempregando várias famílias e impedindo a concorrência para poderem praticar os seus preços exorbitantes. Bonzinhos eles, não? Espertinhos...

Na minha vila nenhuma locadora sobrevive nem sequer por um ano. A filial tupiniquim e brejeira da Blockbuster daqui pratica preços que beiram os da original, e também possui alguma arte manha para se manter há mais de dez anos invicta, porém, pelo menos não tentam disfarçar a sua astúcia mórbida com ações anti-sexo. Eles alugam filmes pornôs e têm todas as novidades em cartazes bem na porta, onde crianças de todas as idades podem apreciar as bundas e peitos da ex-malandrinha, da Gretchen e até da Rita Cadilac, que já não é mais lançamento.

Sobre Almodóvar e os criadores de Little Miss Sunshine, mais uma particularidade: Eu fiz reserva (sim, eles são tão provincianos que ainda temos que reservar os lançamentos), e mesmo assim, saí sem os filmes que ainda não haviam sido devolvidos.

Deixando as particularidades e similaridades mercadológicas de lado, vou falar sobre a felicidade de não ter alugado esses filmes. Sim, eu fiquei realmente feliz em não tê-los alugado porque a escolha dos outros dois títulos foi muito feliz. A Marcha dos Pingüins (uma graça) e ANJOS DO SOL (uma desgraça). Não pelo filme que é maravilhoso e aborda um tema que não é tão explorado quanto deveria pela mídia mas, pela tragédia da vida real que é ali abordada.

Esse filme realmente merece post.

Anjos do Sol, obra ganhadora de várias categorias no Festival de Gramado em 2006 (entre elas melhor filme), foi escrito e dirigido por Rudi Lagemann. Ele é um retrato da prostituição infantil no Brasil. O filme _uma ficção que retrata uma realidade vivida por aproximadamente 200 mil meninas no nosso país_ é resultado de nove anos de pesquisas divulgadas pela imprensa sobre o assunto.

Na procura de inspiração para encontrar o personagem que narraria a história, o diretor se deparou com um personagem real. Uma garota de 10 anos que tinha o apelido de R$0,50 (cinqüenta centavos). A protagonista do filme, Maria, é inspirada nessa garota que, ainda criança, se prostituía para sobreviver.

O filme narra a trajetória das jovens prostitutas que são retiradas de suas casas com a promessa de um emprego como doméstica. O aliciador as leva para um prostíbulo onde as garotas são mantidas em cárcere privado. Em Anjos do Sol esse fato é ambientado em um garimpo. A obra também aborda a compra da virgindade das garotas por empresários e coronéis, principalmente das regiões norte e nordeste do nosso Brasil varonil. Não é preconceito, o filme é baseado em notícias e estatísticas da rota da prostituição infantil.

Mas não precisamos ir muito longe para vermos crianças se prostituindo. Quem assistiu à reportagem do Fantástico ontem viu que aqui em São Paulo também há prostituição infantil, mas parece que aqui a doença é pior, ou sei lá o que. Os homens deixam as suas mulheres, filhos e suas vidas glamourosas de empresários ou profissionais liberais muito bem-sucedidos em casa e saem à procura de travestis recém saídos da infância.


É nojento, é revoltante, é imoral, é absurdo!!! Sinceramente, eu queria mesmo fazer uma resenha, mas, mais uma resenha, e ainda, de quem pouco ou nada entende de cinema como eu não iria fazer a diferença. Vou preferir fazer um pouquinho da minha parte. A revista Marie Claire (eu ainda vou trabalhar nela) lançou um movimento de repúdio ao turismo sexual, que também alicia menores, meninos e meninas em todo o Brasil, principalmente no Norte e Nordeste.

A intenção da campanha é pressionar as autoridades a fim de que tomem providências para impedir esse comércio medonho continue tomando conta das praias nordestinas, dos garimpos, das esquinas de São Paulo, enfim, de todos os lugares. Não gosto de fazer propaganda, mas nesse caso a causa é nobre. Acesse o site: http://www.marieclaire.globo.com/ e preencha um formulário (é bem curto, em um minutinho você termina). Os formulários serão encaminhados para o governo no dia 18 de maio, Dia Nacional do Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Assistam ao filme, leiam a respeito, colaborem!!!

terça-feira, 24 de abril de 2007

OLHA O MACHO, OLHA A FÊMEA, 'TÁ' TUDO FRESQUINHO...



- Posso te beijar como eu quiser?
- Beijo na testa, selinho ou beijo cinematográfico?
Você teria coragem de dizer isso? Há gente que tem, e em rede nacional! Ai que vergonha!

Esse é o script de um dos vários programas de relacionamento que invadiram as emissoras de TV. Ah! Deixe-me contar o desfecho da pergunta.

A pessoa, homem ou mulher, diz se aceita o beijo, escolhe o tipo, e: lá vai! O pretendente sapeca o beijo (na testa, selinho ou cinematográfico, conforme a escolha) ao som de Tony Braxton, cantora de único hit, e que inclusive foi trilha sonora de novela das oito, Unbreak My heart (baixe na net, você vai entender o que eu estou falando). Tudo isso acontece atrás de um tapume cor-de-rosa. As luzes são apagadas para ‘dar o clima’.

Mas, antes do beijo, o casal tem que conversar. Sabe aquele papinho... de onde você é, o que você gosta de fazer... tudo isso atrás daquele tapume, com as luzes baixas e em rede nacional (será que eles pensam ter alguma privacidade?). Eu fiquei com vergonha de assistir.

Mas há piores. Em outro programa de ‘caça’, as pessoas têm que desfilar (é isso mesmo que você leu, elas e eles desfilam) para seus pretendentes dizerem se gostaram ou não do ‘material’. A escolha acontece apertando o botão verde ou vermelho.

Neste mesmo programa há outra forma de apelar. É a paquera por telefone. Alguns homens e mulheres se empuleiram em um sofá esperando ligações. A cada ligação recebida, o candidato acumula 50 reais. Novamente as mesmas perguntas: o que você faz, de onde você é, etc. Mas, há alguma coisa errada. As pessoas sentadas no sofá são muito bem apessoadas para estarem se submetendo a esse mico, ou melhor, gorila. E segundo: as pessoas que ligam, principalmente as mulheres, parecem garotas de tele-sexo. Muito desenvoltas para quem está conversando pela primeira vez com um pretendente, e ainda, em rede nacional.

Mas, continuando a narrativa, há também aqui outro script a ser seguido. O sujeito ou a fulana que recebeu a ligação se despede dizendo: “Eu ganhei R$50,00 por sua causa (é assim mesmo que eles falam), o que você quer que eu faça para você? Eu posso cantar, desfilar ou dançar. Dá para acreditar? (até rimei!). A pessoa ao telefone escolhe e o (a) pretendente sobe para um palco quase tão brega quanto o programa para realizar o pedido. É deprimente!

Só um adendo: uma das candidatas era professora de pré-primário. Ela estava com uma saia cinto, daquelas que acabam no mesmo lugar onde a bunda acaba. O cara ao telefone pediu para ela dançar e, adivinha: a garota dançou virada para a câmera e se prestássemos atenção, poderíamos ver ate o útero dela! Você já imaginou se seu filho tivesse aulas com uma professora dessas? Bom, deixa para lá!

Eu não sei o que é pior. Se é a bizarrice exibida na tela, ou se é a curiosidade mórbida de quem assiste a esses programas, como eu.

É claro que devemos desconfiar da veracidade dessas representações, mas há sim pessoas que vão a programas de TV para ‘arrumar’ namorado. Na minha sala da faculdade mesmo há um carinha que participou de um desses programas, e, é claro, virou o assunto predileto de muita gente... Mas espera aí, quase todas as emissoras têm um programa desses, e em uma delas, a tarde de sábado é inteiramente dedicada à atividade de caça predatória de humanos a perigo.

Isso tudo é carência, é necessidade de aparecer, o que é isso?

Continua...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

DEVERIA TER JOGADO NA SENA!!!


Quase apanhei, por pouco não fui atropelada por um tróleibus (ônibus elétrico que colocaram aqui no interior para enganar a nós, caipiras, até que o metrô chegue) e fui testemunha de casamento de um casal de desconhecidos. Só comigo acontecem tantas coisas, e ainda, no mesmo dia.
No início da tarde o meu amigo me ligou para irmos ao centro da cidade a fim de gravarmos uns depoimentos para a nossa matéria. Logo na primeira tentativa, a entrevistada se recusou a nos atender porque o pessoal do Diário do Grande ABC (bonitos) havia feito uma matéria que difamava a feira. Eles usaram 'picotes' depoimentos dela para fazer a matéria de acordo com a sua necessidade de entregar um trabalho. Parece que o negócio foi feio. Tivemos um pouquinho de trabalho, mas, enfim deu certo. Com toda simpatia e lábia nós conseguimos, além da entrevista da Dna.Maria, mais umas três fontes. Terminada a primeira parte do trabalho, seguimos para o que parecia ser a etapa mais fácil: fotografar a fachada da feira. Aí começou o momento Chuck Norris***.

Fomos para o meio da linha do tróleibus porque esse lugar proporcionava o ângulo perfeito para as nossas fotos. Acontece que na linha em que esse moderno veículo corre não há calçadas, então, ficamos espremidos e nos equilibrando em um metro de grama irregular, e ainda tendo que nos desviar desses silenciosos veículos que passavam nos lambendo. Quer saber do melhor? Com todo esse desconforto tínhamos que achar o melhor ângulo.
Vaza! Vaza! Vaza!Eu ouvi três vezes esse grito. Estranhei, mas meu amigo continuava a bater as fotos. Os gritos se intensificaram "Vaza! Vaza!". Aí, eu pude ver de onde vinham e pude também decifrar o seu significado. Eram os vendedores de vale-transporte. De repente eu ouço "Quem autorizou você a ‘tirar’ foto aqui?". Eu nem sei de onde veio a voz mas, mesmo assim respondi: "Foi a Maria, presidente da feira". O diálogo prosseguiu de forma nada amigável "Ninguém autorizou nada aqui não", e eu repeti "A Maria, presidente da feira autorizou, estamos fazendo uma matéria com ela".

Foi aí que eu vi. Estava lá! Um homem com uma calça jeans, camiseta azul e alguma coisa branca na sua vestimenta que eu não conseguia identificar o que era. Ele foi se aproximando, vociferando cada vez mais alto e subiu no alambrado que mede mais ou menos 1,60m.

Agora a imagem estava nítida O homem que acabara de subir nesse alambrado estava com um gesso no braço que ia até o ‘sovaco’. Era a imagem do Mcgyver*** sul-americano.

Tudo perdeu a importância por alguns segundos. Como um cara poderia atravessar os carros e subir aquele alambrado com tanta agilidade com aquele gesso no braço? Jack Bauer *** explica.
Os ambulantes estavam pensando que nós os fotografávamos, e já que o comércio de vale-transporte é ilegal, eles tinham toda a razão de estarem preocupados. Ao sairmos nem passamos perto da feirinha com medo de apanhar.

Acabou dando tudo certo. Tiramos as fotos e seguiamos para a faculdade. Estávamos a caminho do ponto de ônibus quando fomos interpelados por um casal com uma pergunta no mínimo pitoresca: “Vocês querem ser testemunhas do nosso casamento?” Hã?

Nós trocamos olhares de cumplicidade e, adivinha: aceitamos na hora! Sim, nós fomos testemunhas de casamento de dois desconhecidos! Paulo e Rosana. Você já pensou na chance de ser chamado testemunhar o casamento de um casal de desconhecidos?

Já no cartório, nós conversamos um pouco com o casal que já estava amasiado há 9 anos, e depois de combinarmos mentir conhecê-los há tempos, assinamos os papéis. Nessa hora foi engraçado. A Rosana foi soletrar o nome da filha que é Hagata. Porque as pessoas mais simples são tão inventivas para nomes?

Mas, continuando, ela foi soletrar o nome da menina e assim o fez: agá-a-JOTA-a tê-a. Entendeu? Ela soletrou Hajata. Noooossa, ela não sabe o nome da filha! Hua! Hua! Hua! E o pior é que ela teimou, e teimou, até que nós três, eu, o Elmo e o Paulo conseguimos a convencer de que ela não sabia o nome da filha.

Papéis assinados, cumprimentos dados, era hora de partir. O Paulo ofereceu um cachorro quente em sinal de gratidão que nós, educadamente recusamos. Partimos impressionados com a tarde cheia comentávamos o ocorrido até que avistamos nossos amigos no ponto de ônibus. Mais essa! Eu deveria ter jogado na sena nesse dia!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

FICAR FICOU DIFÍCIL


É fato. Essa moda inventada pelos adolescentes de “ficar” tornou as coisas mais difíceis para nós, mulheres românticas.

Há um tempo atrás, o homem pedia a mão da moça em casamento, e o pai é que decidia. Mas, geralmente, já havia uma “paquerinha” em andamento. Quando a história tinha um final feliz, os dois se casavam, aceitavam e conviviam com seus defeitos mutuamente, e tudo certo.

Mas agora, nós temos toda a liberdade de escolha. E aí, a situação favorece? Pôxa, com esse negócio de ficar, parece que temos que fazer test-drive antes de qualquer coisa. Nós “ficamos” com o cara e no dia seguinte, a expectativa nos engessa. Nos policiamos para não ligar e esperamos a ligação dele. Vai dizer que não é assim?

Se você é incansável na busca do amor da sua vida, as coisas pioram sensivelmente. Prepare-se para virar crash test dummy*** porque muitas serão as tentativas. É bom conhecer pessoas? Sim, é ótimo. Mas não tanto, ou tantas... Eu sou adepta de conhecer mais a mesma pessoa.

Parece uma febre. Ninguém tem mais curiosidade em se conhecer profundamente (nada a ver ‘ainda’ com sexo). Não sei como conseguem se satisfizer com uma troquinha de fluidos bucal... Para mim, pelos menos, a graça está em descobrir as qualidades e os defeitos, juntos. Tem coisa mais legal num relacionamento do que achar graça das mesmas coisas? Quem só ‘fica’ nunca saberá, não há tempo para isso... E aprender a conviver e respeitar as diferenças, algo tão primordial para o ser humano e que está tão em falta? Isso sem falar no sexo. Há coisa mais gostosa do que aprimorá-lo com uma só pessoa, com toda a cumplicidade que só quem se conhece ou ‘está disposto a’ tem? E ter aquele cobertorzinho de orelha? E procurar um terceiro pé na cama nas noites de frio? E por último, dormir de conchinha... Tudo isso é muito bom. Olha só o que quem só ‘fica’ está perdendo...

A nossa geração é chamada de geração fast-food. Bom, eu amo Mc Donad’s, Burger King e Black Dog. O problema é se ganharmos também os títulos de Fast-fuck, fast-huggie, fast-kiss, fast-tudo. Eu não tenho tanta pressa assim...

crash test dummy*** Bonecos usados nos testes que simulam batidas de carro.