terça-feira, 21 de agosto de 2007

CANSEI DE BRINCAR. QUERO SER CAFÉ COM LEITE




Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, dou-lhe quatro. Este é o número de empresas - entre elas três são multinacionais- que me admitiram em seu processo seletivo e me dispensaram na última fase, dizendo que meu currículo era muito bom, mas que para aquela oportunidade ele não seria aproveitado. Isso só nos últimos dois meses.

Se fosse há um ano eu nem ligaria e até acharia legal, porque de alguma forma isso prova que eu tenho potencial, já que para chegar até a última fase, teoricamente eu deixei um monte de gente para trás a cada etapa vencida.

Mas agora, isso está acabando com a minha auto-estima. Sinceramente, hoje não sei o que é pior: Passar por todas as etapas e morrer na praia ou ser dispensada logo na primeira.

Uma coisa é certa, a segunda opção me faria perder menos tempo e dinheiro, e desgastaria menos a auto-estima...

Cansei dessa brincadeira, quero ser café-com-leite.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O FUNK CARIOCA SOCIABILIZA?


Outro dia eu estava assistindo um documentário que o meu irmão baixou na net que fala sobre o funk carioca. É engraçado que as pessoas afirmem que o funk propicia uma socialização porque as ‘patys’ também curtem, e agora até cantam funk.

Como eu sempre gosto de fazer, vamos esmiuçar isso.
Os bailes funk tradicionais acontecem nos morros cariocas e as ‘patys’ não sobem até lá para requebrarem seus popozões em suas calças da grife Gang (marca das funkeiras endinheiradas, pois uma peça custa no mínimo 300 pilas!!!!). Quando elas querem participar do baile, uma boate de luxo contrata a Taty quebra barraco para tocar na Zona Sul e cobra 80 reais por cabeça, só para entrar.

Mas não há patricinhas cantando funk? Sim, há. Mas as letras de duplo sentido e recheadas de palavrões ainda continuam sendo monopólio das funkeiras do morro. Ou você já viu a Perla* cantar que “A porra da buceta é dela”*** ou que “está ardendo mais está entrando”***?

Aí eu pergunto: Onde está a integração social que o funk diz promover? O que eu posso perceber é que a segregação continua muito clara. Quando patricinhas querem dançar funk elas pagam 80 reais para entrar em uma casa de luxo na Zona Sul e quando elas cantam funk as letras de suas músicas não permitem palavrões ou insinuações sexuais. Suas calças custam mais de 300 reais e o papai e a mamãe pagam a faculdade. Para as funkeiras do morro fica a função de cantar as letras mais chulas, vestir as roupas mais zuadas, compradas na baciada mais próxima, e o sonho da faculdade é substituído pela responsabilidade de criar os filhos.

Posso estar cega, mas não vejo no funk nenhuma integração. Nem social e nem de nenhum outro tipo.


* Perla é uma cantora de funk que representa as patricinhas cantando músicas que falam sobre baladas e namorinho de portão.


*** estrofes dos funks do morro.