segunda-feira, 17 de setembro de 2007

CORRIDA DE OBSTÁCULOS, A GRANDE JORNADA.


Lá fui eu pegar o microônibus. Ele demorou e veio completamente lotado aquilo era uma miniatura de microônibus, isso sim!!!

As pessoas de São Paulo são dotadas de super-poderes. São elásticos – sim, porque para se manter em um ambiente tão apertado, só sendo dotado desse poder mesmo -, desativam a função olfativa – é, porque pegar microônibus lotado em um dia de sol quente, com a galera que trabalhou e suou o dia inteiro, só tendo o poder de ignorar os odores naturais do corpo... -, poder de se abstrair do local – como é possível, além de tudo isso, agüentar o choro de um bebê irritado?

Imagine que, além disso, você tem que ter tato para lidar com Ânimos alterados, inclusive com o seu. Eu tive que descer e subir do microônibus várias vezes durante o percurso porque havia somente uma porta que servia para o embarque e o desembarque. É coisa de português mesmo, que me desculpem os meus patrícios.

Mas em uma dessas vezes, uma moça se colocou na minha frente, e eu disse a ela para que esperasse, porque o motivo da minha descida era desobstruir a passagem, e eu iria voltar para a lata de sardinha, quer dizer, para o microônibus. Ela me chamou de estressada, e eu fiquei quieta, afinal não queria correr o risco de chegar à entrevista com um olho roxo...

Ao final dessa jornada, eu ainda tive que pegar aquele outro ônibus, lembra? O que mantinha o meu pique é aquele velho pensamento... "todo o esforço será recompensado'... e sabe que funciona?

Depois de todo isso eu ainda estava com pique. Nervosa, mas com pique. A segunda jornada foi mais tranqüila e até engraçada. A essa altura do campeonato a minha escova perfeita ‘a la’ Farah Fawcett tinha sido transformada em uma imitação de piaçava barata, e a minha testa reluzia mais do que diamante, por conta da oleosidade causada pela poluição e pelo suor também. Salve, salve os lenços umedecidos!

Bem, eu me mantive perto do motorista para que ele me avisasse com antecedência a hora certa de descer. Entrou uma figura com os botões da camisa desabotoados, a característica correntinha dourada no pescoço com o pingente de crucifixo e os famosos óculos dois por R$15,00 da feirinha. Sentou-se ao meu lado e começou a lançar uns olhares cheios de malícia, com direito a biquinhos, caras, bocas, beijinhos...

Conforme combinado, quando cheguei perto o motorista me avisou e eu tive que acordar o cobrador, isso mesmo, o cobrador estava dormindo e não despertou com a minha voz o chamando, eu tive que cutucá-lo.

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