Faço minhas as palavras daquele gordo chato que apresenta um programa inútil aos domingos à tarde há décadas: “Recordar é viver”. Ô loco meu!!!
Hoje estava me recordando de coisas tão simples e tão gostosas... Logo que a minha mãe se divorciou, eu ela e meu irmão fomos morar no centro de São Bernardo. Em um kitchenete (acho que é essa a grafia). Só nós três. Era um cômodo minúsculo que se dividia em quarto e sala, um banheirinho, uma lavanderia e uma cozinha que pareciam mais pertencer a uma casa de bonecas. Mas fomos tão felizes naquele apartamento... Eu e meu irmão dormíamos em um beliche e a minha mãe no sofá-cama, mas era tudo tão lindo, tão perfeito... Ai que saudade... Acho que o pouco espaço contribuía para que fossemos mais próximos. Tanto física quanto emocionalmente.
Me lembro como se fosse um filme. A minha mãe nos acordava aos sábados ao som de The Beatles. É lógico que ela não perdia a oportunidade de me dar um belo de um susto. Imagine só acordar com um HELP! Beeeeeeeem alto. Nossa, meu coração faltava sair pela boca! O meu irmão sempre estava assistindo. Ele não era preguiçoso como eu e acordava logo na primeira chamada. O susto sobrava para quem demorava mais para levantar. Refeita do susto, era hora de arrumar a casa, o que, aliás, era bem fácil, porque não cabia muita bagunça ali.
Casa arrumada, banho tomado, roupa nova. Íamos para o Best Shopping a bordo da boa e velha brasília bege. Sim, eu sou da época em que esse era o shopping mais agitado de São Bernardo e ainda se viam nas ruas carros como a brasília em bom estado, como a da minha mãe.
Havia um roteiro a ser cumprido. Assistíamos algum filme, comíamos um super-dog, depois ganhávamos algum presentinho. Uma blusinha ou um tênis mais baratinho, afinal, não dava para comprar tênis caro todos os finais de semana.
Mas sabe que nós nem éramos incentivados a dar tanto valor à essas coisas? Ganhávamos um Lê Cheval ou um M2000 (que eram os tênis da moda) e durante um ano os usávamos. E só nas ocasiões de gala! Para os eventos comuns do dia-a-dia tínhamos os mais velhos.
Chegávamos em casa felizes por termos passado a tarde juntos. Se o programa fosse ir até a casa de algum parente a satisfação era a mesma. Sempre voltávamos contentes.
Me lembro também que a minha mãe colocava o som “no talo” e nós dançávamos na sala, eu ela e meu irmão. Eventualmente uma vizinha e os seus filhos eram contagiados com a energia e acabava cabendo todo mundo naquela salinha. Todos dançavam ao som da jovem-guarda, felizes.
A felicidade já foi fácil...
Eu sou feliz hoje, mas sou saudosista. Alguma coisa me diz que a felicidade já foi mais simples. E olha que o tempo verbal passado não é o meu preferido, hein...
Hoje estava me recordando de coisas tão simples e tão gostosas... Logo que a minha mãe se divorciou, eu ela e meu irmão fomos morar no centro de São Bernardo. Em um kitchenete (acho que é essa a grafia). Só nós três. Era um cômodo minúsculo que se dividia em quarto e sala, um banheirinho, uma lavanderia e uma cozinha que pareciam mais pertencer a uma casa de bonecas. Mas fomos tão felizes naquele apartamento... Eu e meu irmão dormíamos em um beliche e a minha mãe no sofá-cama, mas era tudo tão lindo, tão perfeito... Ai que saudade... Acho que o pouco espaço contribuía para que fossemos mais próximos. Tanto física quanto emocionalmente.
Me lembro como se fosse um filme. A minha mãe nos acordava aos sábados ao som de The Beatles. É lógico que ela não perdia a oportunidade de me dar um belo de um susto. Imagine só acordar com um HELP! Beeeeeeeem alto. Nossa, meu coração faltava sair pela boca! O meu irmão sempre estava assistindo. Ele não era preguiçoso como eu e acordava logo na primeira chamada. O susto sobrava para quem demorava mais para levantar. Refeita do susto, era hora de arrumar a casa, o que, aliás, era bem fácil, porque não cabia muita bagunça ali.
Casa arrumada, banho tomado, roupa nova. Íamos para o Best Shopping a bordo da boa e velha brasília bege. Sim, eu sou da época em que esse era o shopping mais agitado de São Bernardo e ainda se viam nas ruas carros como a brasília em bom estado, como a da minha mãe.
Havia um roteiro a ser cumprido. Assistíamos algum filme, comíamos um super-dog, depois ganhávamos algum presentinho. Uma blusinha ou um tênis mais baratinho, afinal, não dava para comprar tênis caro todos os finais de semana.
Mas sabe que nós nem éramos incentivados a dar tanto valor à essas coisas? Ganhávamos um Lê Cheval ou um M2000 (que eram os tênis da moda) e durante um ano os usávamos. E só nas ocasiões de gala! Para os eventos comuns do dia-a-dia tínhamos os mais velhos.
Chegávamos em casa felizes por termos passado a tarde juntos. Se o programa fosse ir até a casa de algum parente a satisfação era a mesma. Sempre voltávamos contentes.
Me lembro também que a minha mãe colocava o som “no talo” e nós dançávamos na sala, eu ela e meu irmão. Eventualmente uma vizinha e os seus filhos eram contagiados com a energia e acabava cabendo todo mundo naquela salinha. Todos dançavam ao som da jovem-guarda, felizes.
A felicidade já foi fácil...
Eu sou feliz hoje, mas sou saudosista. Alguma coisa me diz que a felicidade já foi mais simples. E olha que o tempo verbal passado não é o meu preferido, hein...
5 comentários:
Saudosista? Somos duas! Não por menos um de meus apelidos é "museu"...
Sou solidária à idéia de que a felicidade já foi mais fácil de se conquistar, às vezes tb tenho essa sensação...
Acredito, porém, que cada época tem sua beleza, sua magia... e acontece no tempo certo para desfrutarmos todos os momentos, mesmo que só reconheçamos sua grandeza no correr dos anos!
Putz, eu tenho uma amiga poetisa e nem sabia!!! Só você mesma, Cá!
Cheguei aqui pela estrada do Google, procurando essa .poesia de Casimiro de Abreu, e me deparo com este texto singelo quanto belo. E lá se vão quase 5 anos desde que foi escrito. Espero que tenha continuado. Voltarei aqui para conferir. Parabéns menina!
Como "MEUS OITO ANOS " de Casimiro de Abreu, seu relato é um testemunho escrito rico e cheio de emoção que nos faz voltar à aqueles momentos em que tudo era simples e nossa única preocupação era de passar de ano na escola, ainda hoje postei um comentário no faceboock à respeito da série de um dos meus heróis de infãncia SPECTREMAN relatando quão feliz nós éramos presos dentro de casa, com a Mãe e o Pai trabalhando e não podiamos nem se quer sair ao quintal e a única alternativa era de assistir a tv que tinha um conteúdo maravilhoso tais como; o sitio do pica pau amarelo, pinóquio, os heróis japoneses como Jet Marte,o Ultraman, Robô gigante, perdidos no espaço, jornada nas estrelas entre outros e eu e minhas três irmãs ficavamos ali sempre juntos em uma época em que a geada se fazia presente e nós todos ali em baixo das cobertas assistindo a tv que era preto e branco de segunda mão e com valvulas e aquele seletor barulhento, nem sonhávamos com os controles remoto de hoje, foram anos memoráveis de união familiar que apesar de humilde finaceiramente falando era riquíssimo de calor humano e amor...
Ai que saudade da aurora da minha vida...Obrigado por compartilhar sua História minha amiga... Muita paz à vc ....
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